terça-feira, 10 de abril de 2012

The Hunger Games

Título Original: The Hunger Games
Título Português: Os Jogos da Fome
Realizado por: Gary Ross
Actores: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Woody Harrelson, Liam Hemsworth, Elizabeth Banks
Data: 2012
País de Origem: Estados Unidos
Duração: 142 mins.
M/12Q
Cor e Som







Fenómeno de markting repentino mas perceptível é o que envolve The Hunger Games. É perceptível pois a sua comparação com o japonês Battle Royale de 2000, é inegável. Battle Royale já tinha sido um fenómeno para um público mais atento, mas com Hunger Games, superprodução americana, o conceito de colocar adolescentes numa recinto onde devem lutar até à morte até restar apenas um torna-se muito mais acessível a todos. E é já o fenómeno de bilheteiras do ano. Muito provavelmente graças ao irresistível conceito já referido, que desperta uma certa animalidade no interior de qualquer espectador. A questão aqui torna-se mais pessoal, porque Battle Royale alcançou uma legião de fans, incluindo este vosso servo que vos escreve. Uma tentativa de ver uma espécie de versão americana do filme de culto japonês iria certamente sair frustrada. No entanto, e ciente que não se deve falar na primeira pessoa num texto crítico, fui ver o filme devido ao bom feedback já recebido. Sim, Hunger Games é um bom filme, talvez acima da média, e a seu favor joga a forma como aborda a psicologia inerente ao conceito atrás referido, fazendo-o de maneira diversa a Battle Royale.
Enquanto Battle Royale coloca uma turma do 9º ano na trágica situação, explorando as relações de amizade, entre outras, de um grupo de adolescentes já conhecidos entre eles, Hunger Games coloca 2 jovens, de cada um de 12 distritos, a lutar até à morte. Tal faz com que a relação entre as personagens, que não se conhecem a não ser aos pares, acabe por não ser um ponto forte antes pelo contrário. No entanto o que Hunger Games faz, e muito bem, é explorar a questão social associada ao jogo, isto é, a opinião pública de uma sociedade futurista que assiste com gosto ao jogo, que é também reality show, atraindo audiências, patrocinadores e toda uma máquina comercial por detrás.
O problema de Hunger Games é que existe um grande desequilíbrio entre a primeira e a segunda parte do filme. A primeira explora a anterior questão social, o que precede o jogo, toda o cinismo e crueldade pelo que os participantes passam antes de entrar no jogo, entrevistas na televisão, etc, como se se tratasse de uma antevisão dos jogos sem fronteiras. Isso está muito bom. Já o jogo em si perde um pouco o interesse devido à grande falha de ligação emocional que existe entre os participantes que acaba por fazer com que saibamos o nome de mais dois participantes além dos dois principais, se tanto. Lamenta-se essa falha de ligação, que tira grande parte da emoção à segunda metade do filme. O suposto vilão é também muito fraquinho e pobremente explorado.
Não esquecer no entanto que Hunger Games é baseado nos livros de Suzanne Collins, cujo primeiro volume data de 2008. Assim sendo é um pouco impossível negar que Hunger Games pretende ser uma espécie de versão aperfeiçoada de Battle Royale, também baseado num romance. Todavia não retiremos o mérito à adaptação cinematográfica.
Katniss Everdeen é a personagem central, interpretada por Jennifer Lawrence, a jovem estrela em ascensão já nomeada para óscar de melhor actriz principal com Winter's Bone, o filme independente de 2010, e assim parece que irá continuar, prevendo-se uma trilogia cinematográfica de The Hunger Games.
The Hunger Games é o típico filme comercial, com toques sociais interessantes que fazem dele um filme acima da média. É intrigante, bem realizado e com boas interpretações, e consegue manter o interesse do princípio ao fim. Ficamos agradavelmente supreendidos.

Nota: 3/5

Outras Notas:
Pedro Silva: 3/5

1 comentário:

Pedro Silva disse...

Fui ver o filme no dia seguinte ao da estreia e já não via uma sala de cinema tão cheia desde os tempos que a memória não alcança.
Mas um mal vem daí, a falta de educação natural que espectadores transportam e transbordam de todos os poros.
Os primeiros 20 minutos deste filme foram uma verdadeira odisseia a tentar concentrar no que se passava no ecrã, visto ter 3 estarolas, ou melhor, acéfalos, atrás a comer pipocas de boca aberta com a maior das descontracções. Mudei de lugar. O que não gosto de fazer. Toda a gente partilhou daquela experiência alimentar própria de um verdadeiro animal que não percebe o lugar onde está. Como aqueles três mais havia espalhados pela sala como verdadeiras pulgas que dão comichão e não desaparecem. Mas o lucro fala mais alto e a educação das pessoas está cada vez pior. A minha solução preferida seria a proibição de venda e consumo de pipocas dentro de uma sala de cinema. Mas por aqui que me calo, talvez a culpa seja de quem quer ver um filme com atenção.
Gostaria de ter feito a critica a este filme e penso que a comparação a Battle Royale é mais que óbvia. E aliás de outra coisa não se esperava, sendo estranho o contrário. O meu caro colega David tratou de contrapor os dois. A grande questão deste filme encontra-se na lacuna de sufoco que era suposto uma situação destas ter. É verdade que vão lutar até à morte, mas nada transparece o horror e a angústia que é saber que maior parte da percentagem das hipóteses de sobreviver estão contra nós. Justifica-se talvez pelo facto de o filme aligeirar o tema e pretender abranger um público mais extenso. Talvez. Sentimos em algumas partes que as personagens se apercebem em que algum momento vão ter que morrer, principalmente no inicio, na primeira parte do filme. Mas depois não sentimos mais que elas estão a lutar pela vida. Alguns talvez encontrem a resposta no facto de os jogos já estarem numa edição avançada e as pessoas já estarem "preparadas", outros, que para não ser tão violento e psicótico como outros filmes teve que se cortar em certos aspectos. Mas como é que é possível que perante um conceito destes nunca se sinta, em pelo menos uma única personagem das que está a lutar, o medo, o pavor, a angústia da morte? Óbvio que após a escolha nada se possa fazer a não ser preparar o melhor possível, mas este argumento não me convence. Apenas a pequena irmã de Katniss deixa transparecer isso. Gostava de ter sentido um pouco mais do seu drama.
De realçar que gostei bastante do filme, e dou 3 estrelas também a esta película, que conta com várias interpretações excelentes. E como é um gosto ver Woody Harrelson sem ser em banalidades.
Penso que esta critica está bem feita e no geral concordo com ela, acerta no que senti ao ver o filme.
Este foi o primeiro de uma trilogia, e espero que os próximos consigam aumentar o nível, que para primeiro é bom.