sábado, 3 de novembro de 2012

Skyfall

Título Original: Skyfall
Título Português: 007 Skyfall
Realizado por: Sam Mendes
Actores: Daniel Craig, Judi Dench, Javier Bardem, Ralph Fiennes, Naomie Harris, Albert Finney, Bérénice Marlohe, Ben Whishaw
Data: 2012
País de Origem: Reino Unido/Estados Unidos
Duração: 143 mins
M/12
Cor e Som











Com Sam Mendes nas rédeas, conceituado realizador de Beleza Americana e Caminho Para a Perdição, as expectativas para este novo James Bond, que prometia juntar o antigo ao moderno numa forma sólida, eram bastante altas. Mais, a adição de Ralph Fiennes e Javier Bardem ao elenco subiam muito a fasquia, sendo este último considerado por muitos como um dos actores com maior potencial da actualidade.
Tal como muitos dos melhores filmes de acção modernos, Skyfall pretende sobriedade (dentro do possível) e vai beber a muitos desses títulos, a alguns mesmo de forma descarada. É-nos apresentado um James Bond mais velho, já com algumas fraquezas e bastantes limitações. Tal como Ethan Hunt em Missão Impossível III, James Bond já não é implacável ou semi-invencível, o que adiciona uma sensação de insegurança ao espectador que quer ver como é que ele se vai safar agora. Junta-se a sombra do Batman de Christopher Nolan e as suas complexidades mentais  que, embora não sejam tão exaustivamente exploradas como em Batman, ainda conseguem atingir algum interesse.
No fundo Skyfall pode ser dividido em duas partes, antes e após o aparecimento da personagem de Javier Bardem, sendo que a primeira é claramente inferior à segunda. E a pedra toque nem está no actor Javier Bardem em si, mas sim na realização e ambiência que parece que muda de direção. Enquanto a primeira parte é muito espectacular visualmente, ao estilo de acção moderna espalhafatosa, com um papel embaraçoso da bond girl interpretada por Naomie Harris, se é que lhe podemos chamar isso, faz rir algumas vezes e pensar "mas o que é isto?", a segunda parte aposta na sobriedade e tem uma realização que, ainda que seja apenas pelo ponto de vista artístico, é de louvar. E nem é sobriedade em termos de espectacularidade da acção, não, de facto ela continua espectacular, mas há uma técnica visual difícil de entender totalmente que andará inspirada em Children of Men, em Taken, e que a torna mais credível e nada "mas o que é isto".
Há mesmo cenas particulares que podiam ser curtas metragens em si e que valem pelo filme, como a cena do arranha-céus em néons ou a cena final na mansão, para muitos criticada por ser demasiado explosiva mas que é na realidade a cena mais respeitável de todo o filme, nem que seja pela luz utilizada que atribui uma escuridão profundamente real ao que se está a ver. O nome Skyfall inserido neste clímax talvez seja mais um trocadilho engraçado...
Em termos de actuações a primeira palavra vai para Javier Bardem. Embora custe a admitir a verdade é que mal ele entra no écran o filme sobe de nível. Também é verdade que o papel e as falas ajudam, mas neste caso ficamos mesmo presos a este vilão e não há como escapar dele. É a partir da sua aparição que o filme muda, tal como já acima foi dito, e para muito melhor parecendo por vezes que nem se trata do mesmo filme. No entanto a originalidade deste vilão é discutível procurando ter a complexidade de um Joker ou de um Bane mais uma vez de Batman. Parece que agora é tese recorrente apresentar este tipo de vilão. Daniel Craig também tem uma boa performance. Se é o James Bond correcto é discutível, mas enquanto herói de acção está muito bem. Judi Dench e Ralph Fiennes estão muito bem também como não poderia deixar de ser... Uma palavra de apreço para Albert Finney a interpretar aquele que aparenta ser um ajudante da velha família de Bond e que o viu crescer e que agora está velho. Embora apareça apenas na sequência final a sua presença é deliciosa e mais uma vez sobe o patamar.
Por ultimo parece que as bond girls deixaram de existir. Em Skyfall há duas, mas nenhuma delas o é realmente. Aparenta ser essa a direcção correcta pois sempre que Naomie Harris aqui o tentou ser falhou redondamente...
Skyfall é, para finalizar, um thriller de acção acima da média, com momentos de inspiração muito bons e interpretações bastante agradáveis com um destaque para Javier Bardem algo desequilibrador. Isso não o livra no entanto dos seus momentos embaraçosos da primeira hora, algumas cenas que roçam o ridículo cuja diversão inerente simplesmente não compensa e ainda alguma filosofia barata e presunçosa que é perfeitamente dispensável num filme que se afirma ser da série 007 e que não é na verdade tão original quanto isso.

Nota: 3/5